O Metaverso

Uma realidade paralela unindo o mundo real ao mundo virtual, saindo das páginas dos livros de ficção científica e indo parar nas mãos de grandes investidores e empresas. Apesar da explosão de notícias sobre o assunto nos últimos tempos, o termo “Metaverso” é antigo e muito provavelmente você já teve alguma interação com ele.

Luli Radfahrer, professor do curso de publicidade e propaganda da USP, afirma que “quando a internet se popularizou na década de 1990, existiam várias tecnologias que, em teoria, permitiriam o metaverso, em especial voltado para realidade virtual, criação de espaços 3D, mas não deu certo. No começo do século 21, teve o [jogo] Second Life, muitas empresas gastaram fortunas para estar nele, e era um metaverso, se vendia como. Mas não emplacou”.

Diversos metaversos surgiram com os videogames. “A tecnologia só dá certo se tem uma aplicação essencial, e para o metaverso, é o jogo, pois faz sentido uma imersão em outro mundo, interagir com as pessoas. Já existe há muito tempo, uma espécie de metaverso”, afirmou o professor.

Roblox, Fortnite e Minecraft são jogos que também flertam com o metaverso e trazem alguns elementos desse novo universo: as pessoas têm seus personagens, participam de missões, interagem uns com os outros e vão a eventos. A cantora norte-americana Ariana Grande fez um show dentro do Fortnite, por exemplo.

Mas e o que é exatamente o Metaverso? Na prática, podemos dizer que é um ambiente virtual imersivo construído por meio de diversas tecnologias, como realidade virtual, realidade aumentada e hologramas.

É importante lembrar que a proposta do metaverso vai além dos jogos online. A ideia é que todos os aspectos da “vida real” da pessoa sejam "experimentados" de forma imersiva pelo digital e vice-versa.

O que vem por aí

As grandes empresas do mercado de tecnologia estão buscando implementar o Metaverso no dia a dia da sociedade? A resposta é sim: o conglomerado de empresas de Zuckerberg aposta em realidade aumentada e virtual como o futuro das redes sociais. Através do óculos VR, buscam criar um mundo virtual onde as pessoas criam e conectam seus avatares em qualquer parte do mundo socializando, jogando e permitindo a visita em lojas virtuais 3D para realizar a compra de produtos.

Os avanços tecnológicos vão baratear consideravelmente o custo dos aparelhos de realidade virtual, atingindo um público maior e a melhoria dos gráficos que eles geram, aumentando assim o grau de realismo.

Em meados de 2021, a organização liderada por Zuckerberg passou a se chamar Meta (as redes sociais continuam com o mesmo nome) devido ao novo posicionamento do grupo:

“Hoje somos vistos como uma empresa de mídia social, mas em nosso DNA somos uma empresa que constrói tecnologia para conectar pessoas, e o metaverso é a próxima fronteira, assim como a rede social foi quando começamos”.

E parece que Zuckerberg não parou por aí. Outro exemplo vindo do Facebook é o Horizons Workroom, um espaço de reuniões virtual onde os avatares podem interagir entre si, criando um espaço colaborativo como se as pessoas estivessem no mesmo lugar.

Já a Microsoft apresentou há pouco tempo o Mesh for Microsoft Teams, uma porta de entrada para o Metaverso onde as interações entre os usuários acontecem através de "experiências holográficas compartilhadas". "Uma nova versão - ou uma nova visão - da internet, onde as pessoas se reúnem para se comunicar, colaborar e compartilhar com presença virtual pessoal em qualquer dispositivo", afirmou oficialmente a Microsoft..

A Nvidia, por exemplo, anunciou o NVIDIA Omniverse, permitindo simulações colaborativas: designers, artistas e outros profissionais podem trabalhar juntos na construção de metaversos.

A Nike não ficou fora dessa e criou a Nikeland, uma plataforma dentro do jogo Roblox.

Aqui em terras tupiniquins, o Banco do Brasil também entrou no “jogo”, e lançou no final de 2021 uma agência virtual dentro do servidor do game GTA. No jogo, o gamer pode abrir uma conta bancária para seu personagem.

E o Brasil com o Metaverso?

Uma das grandes questões sobre o Metaverso é o hardware necessário para acessá-lo. Provavelmente precisaremos de alguns anos para que tudo isso esteja acessível a boa parte da população. Investimento alto é necessário para a construção desses espaços virtuais, o que faz com que grandes marcas ou empresas saiam na frente na corrida pelo Metaverso. Portanto, pelo menos a princípio, o Metaverso no Brasil deverá estar restrito a um grupo muito seleto de pessoas.

Mas o Metaverso chegou para ficar. Em breve veremos uma grande transformação na interação social entre as pessoas pela internet. No Brasil, provavelmente o investimento privado por parte de empresários e grandes marcas será o ponto de partida para trazer essa nova forma de interagir com o universo virtual para o dia a dia dos brasileiros.