Uma moeda digital brasileira?

PIX, carteiras digitais, pagamentos por aproximação, nós já nos acostumamos com esse novo normal há alguns anos, em se tratando de inovações no sistema financeiro. Agora prepare-se para o Real Digital.

A nova moeda digital já é tema de debate há algum tempo entre o mercado financeiro e o Banco Central.

Mas o que é realmente o real digital?

A criação de moedas digitais é um tema que já vem sendo discutido por diversos países, como China e Estados Unidos. Desde 2020, o Banco Central do Brasil estuda a emissão do real digital.

Como o próprio nome diz, o Real Digital é uma moeda virtual criada para digitalizar ainda mais nossas transações financeiras. O nome técnico da nova moeda vem do inglês: Central Bank Digital Currency (CBDC) ou Moeda Digital Emitida por Banco Central.

Ano passado, o Banco Central lançou uma edição especial do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas de Desafio para discutir o Real Digital. A edição chamou-se LIFT Challenge Real e reuniu gente especializada do mercado, que avaliou toda a experiência de uso e a viabilidade técnica da nova moeda.

A equipe concluiu que o início dos testes do real digital com a participação da população tenha início até o final de 2022 e seja realizada ao longo dos próximos anos, permitindo ainda mais que transações, pagamentos, compras e investimentos sejam feitos totalmente no ambiente virtual, sem que nenhum dinheiro físico esteja nestas operações.

Alguns dados mostram que hoje, somente 3% do dinheiro disponível para operações no país existem em moedas físicas. A moeda digital, na prática, é uma forma de realmente unir tecnologia e inovação.

E como a moeda vai funcionar?

É importante salientar que tudo ainda vai levar um tempo para ser implementado. A previsão é entre 2023 e 2024.

O acesso à nova moeda será por meio de uma uma carteira virtual de um banco ou outra instituição financeira, agentes autorizados pelo Banco Central.

Uma das grandes vantagens da nova moeda é poder utilizá-la em qualquer lugar do mundo, sem a necessidade de conversão, estimulando a economia e impedindo ações como lavagem de dinheiro, por exemplo.

Outra vantagem é a possibilidade de criarmos contratos financeiros mais inteligentes.

O objetivo do Banco Central é que os recursos que temos hoje possam ser utilizados também com a moeda digital. Assim, poderemos pagar contas no supermercado, sacar reais em dinheiro físico e pagar boletos com a moeda virtual.

As diferenças entre o real digital e a moeda atual

A primeira grande diferença é que a responsabilidade pela moeda digital, independente de onde ela esteja depositada, será do Banco Central e não dos bancos ou instituições financeiras onde você tem uma conta.

Mas a principal diferença é a criação de novos modelos de negócios, com a presença de contratos inteligentes e outras tecnologias estimuladas pela nova moeda, adequando-se melhor os produtos às necessidades dos consumidores, inclusive com custos menores para transações financeiras.

Imagine uma transação envolvendo a compra de um veículo. Você poderá elaborar um contrato digital e alocar os valores do Real Digital. Para a segurança de toda a transação, o dinheiro permanecerá parado até que os documentos do veículo estejam em posse do novo dono e a situação esteja regularizada no Detran, por exemplo.

E o que difere as criptomoedas do real digital?

Quando se fala em Real Digital, muitas pessoas costumam achar que se trata de uma criptomoeda brasileira. Contudo, pensar dessa forma é um erro.

Basicamente, o que difere é a gestão. Enquanto as criptomoedas têm uma gestão descentralizada, o real digital será totalmente gerido pelo Banco Central.

Na prática, a emissão das moedas digitais será feita e fiscalizada da mesma forma que a moeda convencional, enquanto que as criptomoedas são emitidas por órgãos não regulamentados e permitem movimentações financeiras anônimas, inclusive para a Receita Federal.

Outro destaque é que as criptomoedas são ativos (investimentos), enquanto o real digital representa uma moeda nacional.

Conclusão

Ainda há muito o que se descobrir sobre esse lançamento, principalmente na questão da segurança no cenário nacional e internacional. O Real Digital não virá para substituir o real físico, a moeda digital apenas resolverá demandas que surgiram com o aumento das transações online.

Sem dúvida, o lançamento do Real Digital representará um passo enorme rumo ao ingresso do Brasil no cenário digital globalizado.